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Brasileiros contam as dificuldades de morar na Colômbia, país palco de violentos protestos

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“Aqui na Colômbia não existem direitos. O colombiano sempre abaixa a cabeça para tudo, mas agora não. Eles levantaram a cabeça e não abaixam mais. Eles querem brigar pelos seus direitos, pela reforma tributária e eles vão até o fim, com isso eu estou de acordo, mas não concordo com o vandalismo que está prejudicando a todos”.

Por Elianah Jorge , correspondente da RFI

As palavras da potiguar Micarla de Almeida apontam o que motivou milhares de pessoas a ocupar as ruas da Colômbia nas últimas semanas - apesar da pandemia da Covid-19. O estopim dos protestos foi o aumento de impostos proposto pelo presidente Iván Duque. A medida despertou a ira popular.

Quem também mora na capital Bogotá é o paulistano Mauricio Troncoso. Ele dá detalhes sobre a abrangência das mudanças que incentivaram as manifestações.

“Dessa vez começou com o motivo da reforma tributária. O governo queria colocar um imposto de 19% sobre o combustível, serviços básicos de água e de luz. Esse imposto geraria várias consequências no dia a dia da população. Esse projeto já caiu, mas há outras reformas na área da saúde e das aposentadorias. Os protestos continuam para tentar vetar esses outros projetos”.

A economia desse país de 50 milhões de habitantes - e que faz fronteira com o Brasil – foi gravemente afetada pela pandemia. Em apenas um ano o número de pobres passou de 35,7% para 42,5%, em grande parte alavancado pela ausência de políticas estatais aos mais carentes. Explica Micarla:

“Subsídio do governo isso não existe. Quem diz que recebe subsídio aqui na Colômbia está mentindo”.

Sem encontrar apoio no governo, restou ao povo protestar nas ruas, enfrentar o fantasma invisível da pandemia e as truculentas forças de segurança estatais. Estas, por sua vez, respondem com fogo contra manifestantes que atacam com pedras e outros artefatos improvisados.

Vários países, entre eles os Estados Unidos, e organismos internacionais vêm lançando alertas ao governo colombiano contra a violência a civis. A Anistia Internacional pediu o fim da ajuda militar dos Estados Unidos ao governo colombiano após a escala de mortos nos protestos.

Mauricio prefere não ir aos protestos.

“A polícia revidou de uma maneira ainda mais violenta, usando armas de fogo. Pessoas desapareceram, pessoas morreram. Então os manifestantes reagem com mais força. Há um sentimento de indignação”.

Desde o começo das manifestações, em 28 de abril, pelo menos 43 pessoas morreram, a maioria civis; e cerca de 1.700 ficaram feridas. .

A violência desatada nos protestos intimida Micarla:

“O colombiano abriu os olhos, mas não é quebrando, destruindo as coisas. A insegurança está imensa. Eu já tinha trauma de sair sozinha, agora eu praticamente não saio”.

Mauricio é terapeuta e continuou trabalhando, seja online ou presencialmente. A tensão motivada pelos protestos tem sido tema das consultas:

“Os meus pacientes todos se sentiram afetados. Você sai à rua e tem gente morrendo, tem gás lacrimogêneo... O ponto do ônibus está destruído ou a pessoa não tem como chegar em casa porque há um protesto. O clima de insegurança é alto nesses dias”.

A empresa onde Micarla trabalhava, no ramo de aviação, mudou as políticas internas. Em vez do salário mensal, os funcionários trabalhariam por hora e precisariam arcar com custos de transporte e alimentação no horário de trabalho. Não valia a pena, explicou a brasileira.

Para ajudar nas contas, ela começou a vender cestas de café da manhã. A princípio se deparou com a imposição da quarentena radical, e agora, com as vias bloqueadas pelos protestos.

“Como vamos conseguir nos manter se o governo não ajuda? (A conta dos) serviços e do aluguel vão chegar para pagar. Tem fralda, tem supermercado, como a gente vai se manter se não tem de onde tirar? O pouco que estávamos conseguindo fazer (de dinheiro) o governo não deixa sair por causa da quarentena total”.

Na Colômbia o custo de vida é alto. O salário mínimo é equivalente a R$1.200. Em marco deste ano a inflação chegou a 0,51%.

Para ter uma boa qualidade de vida é preciso ganhar alguns salários mínimos, realidade distante para boa parte da população.

O terapeuta paulista explica que no começo da pandemia os vários dias de confinamento obrigatório ajudaram a manter em baixa os casos de Covid. No entanto, agora com milhares de pessoas protestando nas ruas o cenário deve mudar, conta Mauricio:

“Aqui em Bogotá nas primeiras semanas não se podia sair de casa; se a polícia te pegasse na rua multava, então foi bem fechado. Até hoje bares e lugares noturnos estão fechados. Todos estão preocupados com esses protestos. Daqui a duas semanas a coisa piora. A notícia que eu tive foi de que os leitos hospitalares na capital estão quase 100% ocupados”.

Desde o começo dos protestos, a curva de contágio começou a subir. Até o momento, mais de três milhões de casos da Covid-19 foram registrados na Colômbia. Cerca de 83 mil morreram em decorrência do vírus.

A vacinação também está longe de beneficiar grande parte da população. Com problemas cardíacos, Micarla teria prioridade em receber a imunização. Ao acessar a página do programa nacional Mi Vacuna (Mi Vacina) os dados dela não aparecem no sistema.

Pelas redes sociais são inúmeras as denúncias de fraude e ilegalidades na campanha colombiana de vacinação.

Na Colômbia não existe sistema público de saúde. Lá cada cidadão tem de ter o próprio seguro médico. Esse é outro fator que motiva os protestos.

“A gente não tem um sistema público de saúde. Não é como funciona no Brasil. Aqui você é obrigado a ter um plano de saúde. É preciso escolher entre as poucas empresas de seguro médico para se afiliar”.

Convocação pelas redes sociais

É através das redes sociais que a população fica sabendo da data dos protestos. Nesses dias, é complicado transitar nas principais cidades do país, sobretudo em Bogotá e Medellín.

Mas é em Cali, na costa do Pacífico, que a situação é ainda mais grave. Civis com armas de fogo agrediram manifestantes, uma demonstração da divergência econômico-cultural que aumenta a tensão naquela região da Colômbia.

Com as estradas bloqueadas, o desabastecimento já é uma realidade. Alguns comércios racionam a quantidade de produtos por cliente. Outros cobram ágio. É o que conta Mauricio:

“Aqui em Bogotá não chega um monte de coisa. Fui ao posto de gasolina e não havia gasolina. Fui ao mercado e já não tinha mais ovo. O mercado está ficando desabastecido aqui na cidade”.

Na última quinta-feira, o governo de Iván Duque se reuniu pela terceira vez com os organizadores do Comitê da Greve. Ele vem tentando conquistar a população, ou ao menos conter os ânimos com a promessa de dar créditos para a aquisição de casas e a entrada gratuita de jovens nas universidades. Mas os problemas do país são ainda mais profundos e complexos. Eles transitam pelo sistema de aposentadorias, a demanda por uma reforma policial e a melhor implementação do processo de paz.

Tantos fatores de divergência entre governo e população apontam que a crise colombiana tem tudo para se arrastar por um bom tempo.

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Por Elianah Jorge , correspondente da RFI

As palavras da potiguar Micarla de Almeida apontam o que motivou milhares de pessoas a ocupar as ruas da Colômbia nas últimas semanas - apesar da pandemia da Covid-19. O estopim dos protestos foi o aumento de impostos proposto pelo presidente Iván Duque. A medida despertou a ira popular.

Quem também mora na capital Bogotá é o paulistano Mauricio Troncoso. Ele dá detalhes sobre a abrangência das mudanças que incentivaram as manifestações.

“Dessa vez começou com o motivo da reforma tributária. O governo queria colocar um imposto de 19% sobre o combustível, serviços básicos de água e de luz. Esse imposto geraria várias consequências no dia a dia da população. Esse projeto já caiu, mas há outras reformas na área da saúde e das aposentadorias. Os protestos continuam para tentar vetar esses outros projetos”.

A economia desse país de 50 milhões de habitantes - e que faz fronteira com o Brasil – foi gravemente afetada pela pandemia. Em apenas um ano o número de pobres passou de 35,7% para 42,5%, em grande parte alavancado pela ausência de políticas estatais aos mais carentes. Explica Micarla:

“Subsídio do governo isso não existe. Quem diz que recebe subsídio aqui na Colômbia está mentindo”.

Sem encontrar apoio no governo, restou ao povo protestar nas ruas, enfrentar o fantasma invisível da pandemia e as truculentas forças de segurança estatais. Estas, por sua vez, respondem com fogo contra manifestantes que atacam com pedras e outros artefatos improvisados.

Vários países, entre eles os Estados Unidos, e organismos internacionais vêm lançando alertas ao governo colombiano contra a violência a civis. A Anistia Internacional pediu o fim da ajuda militar dos Estados Unidos ao governo colombiano após a escala de mortos nos protestos.

Mauricio prefere não ir aos protestos.

“A polícia revidou de uma maneira ainda mais violenta, usando armas de fogo. Pessoas desapareceram, pessoas morreram. Então os manifestantes reagem com mais força. Há um sentimento de indignação”.

Desde o começo das manifestações, em 28 de abril, pelo menos 43 pessoas morreram, a maioria civis; e cerca de 1.700 ficaram feridas. .

A violência desatada nos protestos intimida Micarla:

“O colombiano abriu os olhos, mas não é quebrando, destruindo as coisas. A insegurança está imensa. Eu já tinha trauma de sair sozinha, agora eu praticamente não saio”.

Mauricio é terapeuta e continuou trabalhando, seja online ou presencialmente. A tensão motivada pelos protestos tem sido tema das consultas:

“Os meus pacientes todos se sentiram afetados. Você sai à rua e tem gente morrendo, tem gás lacrimogêneo... O ponto do ônibus está destruído ou a pessoa não tem como chegar em casa porque há um protesto. O clima de insegurança é alto nesses dias”.

A empresa onde Micarla trabalhava, no ramo de aviação, mudou as políticas internas. Em vez do salário mensal, os funcionários trabalhariam por hora e precisariam arcar com custos de transporte e alimentação no horário de trabalho. Não valia a pena, explicou a brasileira.

Para ajudar nas contas, ela começou a vender cestas de café da manhã. A princípio se deparou com a imposição da quarentena radical, e agora, com as vias bloqueadas pelos protestos.

“Como vamos conseguir nos manter se o governo não ajuda? (A conta dos) serviços e do aluguel vão chegar para pagar. Tem fralda, tem supermercado, como a gente vai se manter se não tem de onde tirar? O pouco que estávamos conseguindo fazer (de dinheiro) o governo não deixa sair por causa da quarentena total”.

Na Colômbia o custo de vida é alto. O salário mínimo é equivalente a R$1.200. Em marco deste ano a inflação chegou a 0,51%.

Para ter uma boa qualidade de vida é preciso ganhar alguns salários mínimos, realidade distante para boa parte da população.

O terapeuta paulista explica que no começo da pandemia os vários dias de confinamento obrigatório ajudaram a manter em baixa os casos de Covid. No entanto, agora com milhares de pessoas protestando nas ruas o cenário deve mudar, conta Mauricio:

“Aqui em Bogotá nas primeiras semanas não se podia sair de casa; se a polícia te pegasse na rua multava, então foi bem fechado. Até hoje bares e lugares noturnos estão fechados. Todos estão preocupados com esses protestos. Daqui a duas semanas a coisa piora. A notícia que eu tive foi de que os leitos hospitalares na capital estão quase 100% ocupados”.

Desde o começo dos protestos, a curva de contágio começou a subir. Até o momento, mais de três milhões de casos da Covid-19 foram registrados na Colômbia. Cerca de 83 mil morreram em decorrência do vírus.

A vacinação também está longe de beneficiar grande parte da população. Com problemas cardíacos, Micarla teria prioridade em receber a imunização. Ao acessar a página do programa nacional Mi Vacuna (Mi Vacina) os dados dela não aparecem no sistema.

Pelas redes sociais são inúmeras as denúncias de fraude e ilegalidades na campanha colombiana de vacinação.

Na Colômbia não existe sistema público de saúde. Lá cada cidadão tem de ter o próprio seguro médico. Esse é outro fator que motiva os protestos.

“A gente não tem um sistema público de saúde. Não é como funciona no Brasil. Aqui você é obrigado a ter um plano de saúde. É preciso escolher entre as poucas empresas de seguro médico para se afiliar”.

Convocação pelas redes sociais

É através das redes sociais que a população fica sabendo da data dos protestos. Nesses dias, é complicado transitar nas principais cidades do país, sobretudo em Bogotá e Medellín.

Mas é em Cali, na costa do Pacífico, que a situação é ainda mais grave. Civis com armas de fogo agrediram manifestantes, uma demonstração da divergência econômico-cultural que aumenta a tensão naquela região da Colômbia.

Com as estradas bloqueadas, o desabastecimento já é uma realidade. Alguns comércios racionam a quantidade de produtos por cliente. Outros cobram ágio. É o que conta Mauricio:

“Aqui em Bogotá não chega um monte de coisa. Fui ao posto de gasolina e não havia gasolina. Fui ao mercado e já não tinha mais ovo. O mercado está ficando desabastecido aqui na cidade”.

Na última quinta-feira, o governo de Iván Duque se reuniu pela terceira vez com os organizadores do Comitê da Greve. Ele vem tentando conquistar a população, ou ao menos conter os ânimos com a promessa de dar créditos para a aquisição de casas e a entrada gratuita de jovens nas universidades. Mas os problemas do país são ainda mais profundos e complexos. Eles transitam pelo sistema de aposentadorias, a demanda por uma reforma policial e a melhor implementação do processo de paz.

Tantos fatores de divergência entre governo e população apontam que a crise colombiana tem tudo para se arrastar por um bom tempo.

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