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Voleibol brasileiro ganha “casa nova” na Europa com CT na França aos moldes de Saquarema
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O vôlei brasileiro passou a ter uma “casa para chamar de sua” na Europa. O centro de treinamento (CT) recentemente inaugurado na cidade de Metz, no departamento de La Moselle, no norte da França, é um complexo esportivo completo e ajustado sob medida pelas exigências da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Trata-se de uma parceria da CBV com o governo local, que enxerga a inserção do Brasil na comunidade de Moselle, com cerca de 1 milhão de habitantes, como uma maneira de “rejuvenescer” a região que é uma tradicional zona industrial.
Luiza Ramos, enviada especial da RFI a Metz
A cidade de Metz fica a apenas 1 hora e meia de trem da capital Paris, perto da fronteira internacional com Luxemburgo e Alemanha. As influências germânicas são visíveis nas construções de época que emolduram o centro histórico e os bairros do entorno, confirmando seu passado como território alemão.
A catedral de Metz é a que concentra a maior quantidade de vitrais de toda a França, com 6 mil m² de janelas. Metz é repleta de praças e pequenas ruas muito bem conservadas que agora contam com as cores verde e amarela da camisa dos atletas do voleibol brasileiro.
A diretora adjunta de Esporte e Juventude de Moselle, Françoise Bataillon, aponta que os conhecimentos da CBV com o Centro de Desenvolvimento de Voleibol em Saquarema, na região dos Lagos, no Rio de Janeiro, agrega savoir-faire, ou seja, conhecimento desse tipo de estrutura esportiva ao departamento, o que favorece uma atmosfera mais jovem à região.
“Aqui não temos nem montanha, nem beira do mar, nem os locais turísticos conhecidos ao nível francês (...) Mas percebemos nesses Jogos Olímpicos uma oportunidade de mostrar nossa região através de um projeto do nosso governo local, que inclui várias vertentes de atratividade, incluindo a recepção internacional dos atletas do vôlei brasileiro no 'Academos'”, destaca ela, referindo-se ao prédio que foi reabilitado para se transformar no CT brasileiro.
Françoise acrescenta que “o senso de coletividade das equipes do Brasil é muito forte” sendo algo que aproxima o Brasil desta região francesa, além da notoriedade dos brasileiros no esporte. Segundo ela, os jogadores já são reconhecidos em Moselle pela cortesia e educação. “As pessoas nos dizem: ‘eles são formidáveis, eles cumprimentam, são gentis’. Eles acabam sendo exemplos para nós também”, conta a diretora.
Atletas olímpicos e de base
A estrutura de 45 mil m² inclui ginásio poliesportivo, um prédio totalmente novo, acomodações e mais de 50 dormitórios, academia de ginástica sob medida para os atletas brasileiros, refeitório e salas para fisioterapia. É a primeira vez que o vôlei brasileiro tem uma base no país sede na preparação para os Jogos Olímpicos.
As equipes de vôlei de praia sub-21 e sub-19 masculinas e femininas estiveram em uma semana de imersão na nova base francesa da CBV para conhecer a estrutura de areia construída exclusivamente para a parceria e convidaram equipes de jovens do mesmo nível da Holanda, Letônia, Noruega e França para competir e treinarem juntos.
As atletas Ana Beatriz, 16 anos, e Marcela Matoso, 17, mostraram seu quarto partilhado para a RFI e elogiaram a estrutura do "Academos". Para Marcela, a experiência vai além dos aprendizados técnicos do vôlei. “Está sendo incrível e está agregando muito na minha vida não só como profissional, mas também como pessoa. A troca está sendo muito especial, pois desenvolve o nosso inglês também. Além de ter que entender o treino dos outros técnicos, a gente consegue visualizar outros exercícios, temos que pensar mais. No Brasil o nosso treino já é muito bom, quando a gente adquire mais recurso é melhor ainda”, valoriza a jovem carioca.
O treinador das meninas do vôlei de praia, Alan Garcia, destacou a qualidade da estrutura em Metz: “A gente já pode chamar de a 'casa do vôlei brasileiro na Europa', aqui na França. Tem sido sensacional essa oportunidade de vivenciar momentos de treinamentos e de jogos com equipes europeias, que têm características diferentes do Brasil”.
“Ter a mesma areia que vai estar nos Jogos Olímpicos em Paris, poder estar no mesmo ambiente, respirar essa atmosfera maravilhosa (...) tem sido incrível. A gente tem aproveitado o máximo possível”, celebra o técnico. Antes, não existia nenhuma quadra de vôlei de praia no departamento de Moselle, e de acordo com Françoise Bataillon, as quadras do complexo "Academos" foram construídas conforme especificações da CBV, que além de colaborar com a implementação do novo esporte, apoiou ainda a formação de árbitros para o esporte olímpico.
Brasil: dono da quadra e da bola
A seleção de voleibol masculino de quadra também comanda os convites para amistosos. A equipe B do Brasil convocou a equipe B da França no último dia 5 de julho para uma partida amistosa no ginásio de Terville, na mesma região, que levou o público presente a fazer um teste para Paris 2024.
Enzo, de 11 anos, foi ver pela primeira vez ao vivo uma equipe do Brasil contra a França ao lado o pai Michel e das irmãs mais novas Laís e Júlia. O brasileirinho, nascido na França, não tem mais dúvidas sobre quem leva sua torcida: “Este ano eu me decidi, é Brasil”, comemorou após a vitória da seleção B do Brasil por 3 sets a 0 contra os franceses. Michel, pai do trio, comprou bilhetes para vôlei, vôlei de praia e futebol para Paris, e trouxe a turminha para um aquecimento olímpico.
O assistente do técnico Bernardinho da seleção brasileira, Giuliano Ribas, disse ter sido uma "grata surpresa" ter encontrado no Centro de Treinamento da CBV em Moselle uma estrutura similar à da casa do voleibol do Rio de Janeiro.
"Saquarema é mais robusta, é maior, comporta mais o nosso estilo de treinamento, com flexibilidade de horário, mas aqui a gente consegue dar condições muito importantes para esses atletas ficarem focados e pensarem somente em se desenvolver com o voleibol. A gente está muito feliz por encontrar um centro de treinamento parecido com o nosso do Brasil", compara.
Outro amistoso, desta vez com a seleção masculina de Bernardinho contra a seleção da Alemanha, ambas com chances de medalha nas olimpíadas, vai aquecer Moselle no próximo dia 19 de julho. Os ingressos estão à venda. A casa europeia do voleibol brasileiro de Metz servirá de base para os atletas de vôlei de praia e quadra na preparação e aclimatação para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 e a pareceria da CBV com o departamento tem previsão de seguir até 2028.
27 قسمت
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O vôlei brasileiro passou a ter uma “casa para chamar de sua” na Europa. O centro de treinamento (CT) recentemente inaugurado na cidade de Metz, no departamento de La Moselle, no norte da França, é um complexo esportivo completo e ajustado sob medida pelas exigências da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Trata-se de uma parceria da CBV com o governo local, que enxerga a inserção do Brasil na comunidade de Moselle, com cerca de 1 milhão de habitantes, como uma maneira de “rejuvenescer” a região que é uma tradicional zona industrial.
Luiza Ramos, enviada especial da RFI a Metz
A cidade de Metz fica a apenas 1 hora e meia de trem da capital Paris, perto da fronteira internacional com Luxemburgo e Alemanha. As influências germânicas são visíveis nas construções de época que emolduram o centro histórico e os bairros do entorno, confirmando seu passado como território alemão.
A catedral de Metz é a que concentra a maior quantidade de vitrais de toda a França, com 6 mil m² de janelas. Metz é repleta de praças e pequenas ruas muito bem conservadas que agora contam com as cores verde e amarela da camisa dos atletas do voleibol brasileiro.
A diretora adjunta de Esporte e Juventude de Moselle, Françoise Bataillon, aponta que os conhecimentos da CBV com o Centro de Desenvolvimento de Voleibol em Saquarema, na região dos Lagos, no Rio de Janeiro, agrega savoir-faire, ou seja, conhecimento desse tipo de estrutura esportiva ao departamento, o que favorece uma atmosfera mais jovem à região.
“Aqui não temos nem montanha, nem beira do mar, nem os locais turísticos conhecidos ao nível francês (...) Mas percebemos nesses Jogos Olímpicos uma oportunidade de mostrar nossa região através de um projeto do nosso governo local, que inclui várias vertentes de atratividade, incluindo a recepção internacional dos atletas do vôlei brasileiro no 'Academos'”, destaca ela, referindo-se ao prédio que foi reabilitado para se transformar no CT brasileiro.
Françoise acrescenta que “o senso de coletividade das equipes do Brasil é muito forte” sendo algo que aproxima o Brasil desta região francesa, além da notoriedade dos brasileiros no esporte. Segundo ela, os jogadores já são reconhecidos em Moselle pela cortesia e educação. “As pessoas nos dizem: ‘eles são formidáveis, eles cumprimentam, são gentis’. Eles acabam sendo exemplos para nós também”, conta a diretora.
Atletas olímpicos e de base
A estrutura de 45 mil m² inclui ginásio poliesportivo, um prédio totalmente novo, acomodações e mais de 50 dormitórios, academia de ginástica sob medida para os atletas brasileiros, refeitório e salas para fisioterapia. É a primeira vez que o vôlei brasileiro tem uma base no país sede na preparação para os Jogos Olímpicos.
As equipes de vôlei de praia sub-21 e sub-19 masculinas e femininas estiveram em uma semana de imersão na nova base francesa da CBV para conhecer a estrutura de areia construída exclusivamente para a parceria e convidaram equipes de jovens do mesmo nível da Holanda, Letônia, Noruega e França para competir e treinarem juntos.
As atletas Ana Beatriz, 16 anos, e Marcela Matoso, 17, mostraram seu quarto partilhado para a RFI e elogiaram a estrutura do "Academos". Para Marcela, a experiência vai além dos aprendizados técnicos do vôlei. “Está sendo incrível e está agregando muito na minha vida não só como profissional, mas também como pessoa. A troca está sendo muito especial, pois desenvolve o nosso inglês também. Além de ter que entender o treino dos outros técnicos, a gente consegue visualizar outros exercícios, temos que pensar mais. No Brasil o nosso treino já é muito bom, quando a gente adquire mais recurso é melhor ainda”, valoriza a jovem carioca.
O treinador das meninas do vôlei de praia, Alan Garcia, destacou a qualidade da estrutura em Metz: “A gente já pode chamar de a 'casa do vôlei brasileiro na Europa', aqui na França. Tem sido sensacional essa oportunidade de vivenciar momentos de treinamentos e de jogos com equipes europeias, que têm características diferentes do Brasil”.
“Ter a mesma areia que vai estar nos Jogos Olímpicos em Paris, poder estar no mesmo ambiente, respirar essa atmosfera maravilhosa (...) tem sido incrível. A gente tem aproveitado o máximo possível”, celebra o técnico. Antes, não existia nenhuma quadra de vôlei de praia no departamento de Moselle, e de acordo com Françoise Bataillon, as quadras do complexo "Academos" foram construídas conforme especificações da CBV, que além de colaborar com a implementação do novo esporte, apoiou ainda a formação de árbitros para o esporte olímpico.
Brasil: dono da quadra e da bola
A seleção de voleibol masculino de quadra também comanda os convites para amistosos. A equipe B do Brasil convocou a equipe B da França no último dia 5 de julho para uma partida amistosa no ginásio de Terville, na mesma região, que levou o público presente a fazer um teste para Paris 2024.
Enzo, de 11 anos, foi ver pela primeira vez ao vivo uma equipe do Brasil contra a França ao lado o pai Michel e das irmãs mais novas Laís e Júlia. O brasileirinho, nascido na França, não tem mais dúvidas sobre quem leva sua torcida: “Este ano eu me decidi, é Brasil”, comemorou após a vitória da seleção B do Brasil por 3 sets a 0 contra os franceses. Michel, pai do trio, comprou bilhetes para vôlei, vôlei de praia e futebol para Paris, e trouxe a turminha para um aquecimento olímpico.
O assistente do técnico Bernardinho da seleção brasileira, Giuliano Ribas, disse ter sido uma "grata surpresa" ter encontrado no Centro de Treinamento da CBV em Moselle uma estrutura similar à da casa do voleibol do Rio de Janeiro.
"Saquarema é mais robusta, é maior, comporta mais o nosso estilo de treinamento, com flexibilidade de horário, mas aqui a gente consegue dar condições muito importantes para esses atletas ficarem focados e pensarem somente em se desenvolver com o voleibol. A gente está muito feliz por encontrar um centro de treinamento parecido com o nosso do Brasil", compara.
Outro amistoso, desta vez com a seleção masculina de Bernardinho contra a seleção da Alemanha, ambas com chances de medalha nas olimpíadas, vai aquecer Moselle no próximo dia 19 de julho. Os ingressos estão à venda. A casa europeia do voleibol brasileiro de Metz servirá de base para os atletas de vôlei de praia e quadra na preparação e aclimatação para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 e a pareceria da CBV com o departamento tem previsão de seguir até 2028.
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